domingo, 26 de janeiro de 2014

BRASIL: RJ: CACHOEIRAS DE MACACU: Igreja de São José da Boa Morte (São José da Boa Morte) - 
Church of Saint Joseph of Good Death

 Localização: 
Município de Cachoeiras de Macacu (RJ), 3º Distrito, Guapiaçu, (-22°34'45.47", -42°51'55.83")
2 – História:
A Capela de São José da Boa Morte foi construída em pau-a-pique por volta de 1734 pelo povo e Irmandade de São José da Boa Morte. Atribuiu-se erradamente, durante longo tempo, sua construção à catequização jesuíta, mas, na verdade, sua construção, como citado abaixo, foi feita pelo povo e Irmandade de São José da Boa Morte (irmandade fundada oficialmente em 1766). Era subordinada à Freguesia de Santo Antônio do Cacerebu e ao Município de Santo Antônio de Sá (Porto das Caixas, Itaboraí)
[...] [capela] de São José da Boa Morte sita em Aguapehy-Asú [Guapiaçú]. Por não me serem apresentados os seus documentos, não pude saber em que tempo foi eréta; mas constou- me, que fôra por autoridade do Ilmo. Sr. D. Fr. Antonio de Guadalupe [1725-1740], em Provisão sua. O seu uso é por autoridade de V. Excia., facultando-o anualmente á Irmandade que alí há, do mesmo Santo. [...] consta também, que a Irmandade dita, e Povo fizeram esta Capela, que é de pau a pique, e se conserva necessitada de reforma [...] Das regalias de Curada está gozando esta Capela [...] e nela se fazem todas as funções paroquiais, tendo para isto um atual Capelão. Os ornamentos, e mais alfaias achei perfeitas, e muito novas. A Pia Batismal, que é de madeira, estava sã; e os vasos, ou Ambulas dos Santos Oleos conservam-se á muito anos sem palhetas para os respectivos Ministérios [...] Aquí há uso de Sepulturas, e se fazem todos os Sacramentos. Dista da Matriz por terras 6 legoas; e pelo rio, 5 ditas.” (Araújo, 1794)
[...] a [capela] de S. Jozé da Boa Morte , levantada pelo Povo residente em Aquápeyassú, [Guapiaçú] distante seis legoas [39,5km], no anno de 1734. Por decadentes as paredes de páo à pique [...].” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 192-193)
Em 1758 a capela recebeu a pia batismal de madeira.
 [1745-1773], o uso de Pia Batismal, pela Provisão de 3/10/1.758, á instâncias dos Aplicados [...] (Araújo, 1794)
 (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 192-193)
Em 1768 foi benzido seu cemitério.
[...] Pelo mesmo Senhor [Bispo D. Antônio do Desterro] foi concedido também o ter Cemitério, que consta fôra benzido em setembro de 1.768 [...]. Por outra Provisão de 10 de novembro de 1.772 foi concedido á mesma Irmandade dita o uso de mais 6 Sepulturas além de outras 6 que lhe foram permitidas á princípio, talvez pelo seu Compromisso para os filhos dos Irmãos da mesma Irmandade [...] (Araújo, 1794)
            Possuía uma irmandade de São José da Boa Morte, com compromisso de 1766.
[...] há outra mais [irmandade], de S. José da Boa Morte, eréta por autoridade do Exmo. Sr. D. Fr. Antonio do Desterro na Capela do mesmo termo, fundada em Aguapehy-Asú, com Compromisso aprovado pela Provisão da Mesa da Consciência em data de 7/7/1.766.” (Araújo, 1794)
Até a data visita de Monsenhor Pizarro em 1794, as obras da nova capela de pedra e cal não tinham avançado muito, posto que até 1833 a igreja era constituída apenas por sua capela-mor.
 (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 192-193)
[...] esta Capela, que é de pau a pique, e se conserva necessitada de reforma. Em razão dessa mesma necessidade, á muito que se deu princípio á uma nova Capela com paredes de pedra e cal: mas tendo parado essa obra até o presente, constou-me, que agora se dava presa á continuá-la, havendo juntos em cofre 800$Rs.” (Araújo, 1794)
Em 1834 a freguesia de Santo Antônio do Cacerebu foi desmembrada com a criação da freguesia de São José da Boa Morte, passando a Igreja de São José da Boa Morte a ser sede da nova freguesia, o que motivou a demolição da antiga capela e sua ampliação em pedra e cal, com tijolos maciços. Costuma-se afirmar que, durante as “febres de Macacu”, entre 1831 e 1835, o povo para lá se dirigia para ter uma "boa morte", daí provindo o nome de São José da Boa Morte; isto é falso como comprova o fato de Monsenhor Pizarro citar a “Capela de São José da Boa Morte” nas suas visitas pastorais já em 1794. Em 1877 a sede do Município de Santo Antônio de Sá passou para Santana de Japuíba, ficando então a Freguesia de São José da Boa Morte dependente de Cachoeiras de Macacu. A região de São José da Boa Morte entrou em decadência e em 1904 a sede do distrito mudou-se para Subaio. Posteriormente a igreja foi abandonada e entrou em ruínas. O padroeiro era São José, pai de Jesus, comemorado a 19 de março.
3 – Descrição:
A igreja atualmente encontra-se em ruínas. Ela possui uma orientação geral noroeste-sudeste, com frente para noroeste e eixo maior no sentido ântero-posterior. A parede anterior (noroeste) possui uma porta no primeiro andar e três janelas (coro?) no segundo. A moldura das portas e janelas é trabalhado com cantaria; o portal em cantaria é do tipo verga recurva, sem sobreverga ou portada; as janelas possuem verga em arco abatido. Na parte de cima da fachada há uma cimalha que marca a base do frontão triangular; não se vê decoração no tímpano, mas ele parece possuir um óculo central. A fachada anterior possui um cunhal da cada lado, correspondendo aos cantos do frontão; logo acima de cada um dos cunhais parece haver um pináculo quebrado Na parte esquerda da parede anterior ficam as ruínas da torre sineira. A parede lateral direita (sudoeste) possui uma porta na nave; a parte posterior desta parede apresenta-se recuada para dentro, correspondendo à capela-mor, tendo uma outra porta na fachada. A parede lateral esquerda (nordeste) está parcialmente desabada, mas se podem se ver várias portas (duas na altura da sacristia e uma no meio da fachada; parte da fachada está faltando). A parede posterior (sudeste) não tem aberturas á exceção do que devia ser uma janela na sacristia. As portas e janelas das paredes laterais são de verga curva.
No interior há a nave e uma capela-mor, que é um pouco mais baixa e estreita que o corpo da nave, além de vários cômodos em ruína à esquerda da nave. Na nave pode-se ver uma porta e um recesso para um altar lateral à direita; há também uma porta e dois recessos para altares laterais no primeiro andar e uma porta no segundo andar (entrada para o púlpito?) na esquerda. Separando a nave da capela-mor há um arco cruzeiro. A capela-mor tem uma porta na parede direita e duas na esquerda (a posterior dá na sacristia?); na metade do seu comprimento, o piso torna-se um pouco mais elevado; no alto da parede posterior há uma pequena janela. À esquerda da nave provavelmente ficavam a sacristia e outros cômodos para uso do padre; eles tem as paredes menos espessas e mais baixas que a da nave central. A igreja não possui teto, a parede externa esquerda está quase toda desmoronada, assim como o local da torre sineira e o piso não é visível, sendo o chão coberto por terra e mato. Em volta da igreja havia o antigo cemitério, podendo ainda se ver algumas lápides no chão. As ruínas ocupam uma área de aproximadamente 150 m². Nas ruínas pode-se visualizar perfeitamente as duas etapas de construção. A capela-mor de pedra e cal é a parte mais antiga; já a nave, a torre e a sacristia, feitas de tijolo, a mais moderna. Fontes históricas relatam que anteriormente o piso era de mármore (a sacristia tinha, no entanto, piso francês), as paredes internas eram revestidas até meia altura em cerâmica azul e as janelas eram bem trabalhadas, com motivos dourados.
4 – Visitação:
A igreja encontra-se em ruínas a beira da estrada. Ela pode ser visitada a qualquer hora.
5 – Bibliografia:
ARAÚJO, José de Souza Azevedo Pizarro e. Visitas Pastorais de Monsenhor Pizarro ao recôncavo do Rio de Janeiro. Arquivo da Cúria e da Mitra do Rio de Janeiro (ACMRJ), Rio de Janeiro, 1794.
ARAÚJO, José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil, vol. 2. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1820.
REZNIK, L. et al. Patrimônio cultural no leste fluminense: história e memória de Itaboraí, Rio Bonito, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Tanguá. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013.
http://www.ferias.tur.br/informacoes/6875/cachoeiras-de-macacu-rj.html
http://www.monumentosdorio.com.br/monu/br/rj/010.htm
http://www.cachoeirasdemacacu.rj.gov.br/secretarias/meio-ambiente/projetos/Plano-de-Manejo-pedra-colegio/Modulo-3.pdf
http://mapadecultura.rj.gov.br/cachoeiras-de-macacu/ruinas-da-igreja-sao-jose-da-boa-morte/
https://www.youtube.com/watch?v=XvoTImTEVbo
https://www.youtube.com/watch?v=AerDV34ler4
http://mapadecultura.rj.gov.br/cachoeiras-de-macacu/ruinas-da-igreja-sao-jose-da-boa-morte/
http://www.citybrazil.com.br/rj/cachoeirasmacacu/atracoes-turisticas/atrativos-culturais
http://www.inepac.rj.gov.br/index.php/bens_tombados/detalhar/67

Church of Saint Joseph of Good Death: Brazil, Rio de Janeiro State, City of Cachoeiras de Macacu
     It is an nineteenth century church located in São José da Boa Morte, City of Cachoeiras de Macacu, currently in ruins. It originated in the Chapel of St. Joseph of the Good Death built in wattle-and-daub around 1734 by the people and the Brotherhood of St. Joseph. Before 1794, it was started a new chapel of stone and lime. In 1834 with the creation of the parish of São José da Boa Morte and its elevation to parish church, the old chapel was demolished and another one was built of stone and lime, with solid bricks. It is currently abandoned and in ruins. The roof and the bell tower collapsed and bush invaded the floor.


Imagem do Google Earth
Imagem do Google Earth. Detalhe

Frente. À direita ruínas de onde ficava a torre sineira (foto do autor)


Frente. Ruínas de onde ficava a torre sineira 
(foto do autor)

Parede direita, altura da nave (foto do autor)
Parede direita, altura da capela-mor (foto do autor)
Parede esquerda, na altura da sacristia (foto do autor)
Porta de entrada, observando-se no interior,
parte da nave, arco cruzeiro e a capela-mor
 (foto do autor)
Nave e capela-mor. Observe o altar lateral
 direito em arco (foto do autor)
Nave, parede direita. Observar a porta exterior e o nicho de uma capela
 lateral à sua frente (foto do autor)
Nave, parede esquerda. Observe a porta para os cômodos à esquerda e o nicho
para um altar antes da porta (foto do autor)
Nave, parede esquerda. Observe a porta para os cômodos à esquerda e o
nicho para um altar à frente da porta. A porta é a mesma no centro da foto
 anterior, mas o nicho é outro. Ao fundo, a capela-mor. (foto do autor)
Capela-mor. Dá para se antever uma porta
de cada lado. A da direita dá para o exterior 
(ver foto mais acima) e a da esquerda para a
 sacristia (foto do autor)
Cômodo à esquerda da nave, visto da sacristia (poteriormente). À frente, por onde
entra a luz, há a ruína da torre sineira (foto do autor)

Sacristia, vista do cômodo da foto anterior (anterior) A porta  da direita dá para
a capela-mor e a da esquerda para o exterior (foto do autor)









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